segunda-feira, 27 de março de 2017

Capítulo 24 - On the run




Jade POV

Eu senti o impulso do disparo da arma na minha mão que se desestabilizou. Em uma fração de segundos o projétil atravessou o ar e se chocou com o ombro esquerdo de Neymar, o impacto o fez cair no chão. E eu, tremula, com o rosto coberto por lágrimas, deixei propositalmente o revolver escapar de minhas mãos. Nem o barulho do choque dos dois, nem os gemidos de dor do homem pelo qual eu havia sido traída caído a minha frente me tocaram, eu estava transtornada, acabara de cometer uma loucura, não sabia o que fazer, então apenas deixei aquele quarto, mas antes de sair, olhei para trás, e aquele par de olhos verdes pelos quais me apaixonei me encararam, chorei mais.

Sem nem saber ao certo como havia chegado ao meu carro, peguei meu celular e disquei o número da emergência, pedi uma ambulância para um homem baleado naquele endereço, joguei o aparelho de celular pela janela, vendo-o se espatifar no asfalto, e arranquei com o carro rumo a minha casa. Eu ainda não acreditava no que havia acabado de fazer, estava em choque.

[...]


Assim que entrei em casa, Matthew estava de saída, mas parou quando se deparou com meu rosto inchado pelo choro de decepção e ódio que eu havia conseguido controlar fazia poucos minutos.

- Jade, o que aconteceu? Onde você estava? -meu primo perguntou totalmente preocupado.
- Arruma suas coisas, só o básico, precisamos sair daqui. Avise os outros pra nos encontrarmos na nossa outra casa, use o celular das operações, não o seu do dia a dia.
- Jade, porra, o que foi? -de preocupado ele já estava se desesperando.
- A polícia, Matthew. -vi ele ficar pálido e perplexo com a minha resposta.
- Co-como?
- Conversamos longe daqui, vamos. É urgente! -enfatizei e subi para o meu quarto.

[...]

Passaram-se pouco mais de meia hora desde o momento em que alertei Matt até o momento em que eu já estava reunida com todos eles na outra casa. É claro que fui bombardeada de perguntas, mas tentava me manter o mais controlada possível. Eu queria acabar com a vida do Neymar por ele ter colocado tudo que tenho e as pessoas que me importo em risco, mas no fundo ainda sentia aquela dor de um término de relacionamento, era ridículo mas eu acabei desenvolvendo sentimentos por aquele desgraçado, mesmo que não admitisse.

- Eu vou parar de enrolar, agora que já estamos todos aqui e o assunto é bem sério. -avisei aos quatro que prestavam toda atenção em mim- A polícia está nos investigando há um tempo o qual eu não sei contabilizar com certeza, e mandou um agente para se infiltrar e conseguir as provas que nós somos sempre tão cuidadosos ao não deixar. -tentei ser o mais clara ao reunir as informações que se passavam incessantemente na minha cabeça. Os três a minha frente possuíam expressões confusas, menos Matthew.
- Neymar! -ele disse firme e soltou um riso irônico recheado de raiva. A luz se acedera na cabeça dos outros, que voltaram suas atenções a ele. Eu não conseguia dizer nada. Doía em mim.
- Não pode ser. -Gil soltou, perplexo.
- A gente confiou naquele desgraçado! -o tom de voz de Guilherme se assemelhava mais ao de Matthew, com ódio.
- Como você descobriu tudo isso, Jade? -Gustavo perguntou, sensato.
- Ela tinha um casinho com ele, ou você esqueceu? -meu primo tomou a frente da resposta, soando enojado ao dizer aquelas palavras, enquanto me encarava julgador.
- Agora não é hora, Matthew! -Gustavo o repreendeu irritado.
- Eu encontrei documentos com investigações sobre todos nós, com históricos desde o meu pai, um distintivo e um revólver escondidos na casa dele, tudo com o brasão do Serviço Secreto Inglês. Ele é realmente o agente infiltrado. -expliquei- O que significa é que todos nós estamos em risco, eu sugiro que, por ora, nós procuremos refúgio onde acharmos mais seguro. Não se exponha muito, e caso forem deixar o país, usem os documentos falsos e façam isso de trem, acredito que nos aeroportos a fiscalização será mais rigorosa. Vamos manter apenas o contato extremamente essencial pelos celulares de serviço, não sabemos se eles já estão monitorando esses também. 
- Se formos pegos, vamos ser deportados. -Gui lembrou.
- Eu vou pegar prisão perpétua. -meu primo sorriu irônico.
- Você já viu as prisões do Brasil? -Gui pontuou, bravo.
- Calem a boca! -Gil disse alto- Façam o possível para isso não acontecer e fiquem calmos.
- Érr...-eu hesitei- Quero me desculpar por colocar vocês em risco, do fundo do coração, era a última coisa que eu queria! -fui sincera e senti lágrimas preencherem meus olhos, mas não as deixei cair.
- Não é culpa sua ele ter te usado, Jade. -Gustavo disse com a voz calma, mas doeu- Ele se infiltraria de qualquer maneira. -respirei fundo.
- Bom, é isso. Boa sorte para todos nós! Logo que der procuraremos um jeito de nos reunirmos e decidirmos que rumor tomar. -eu disse tentando soar confiante.


Breves minutos de silêncio dominaram aquela sala. Todos estavam ainda tentando lidar com aquele momento dentro de si mesmos, era irreal. 
Guilherme foi o primeiro a se levantar e tomar a iniciativa de nos abraçar, um de cada vez, me deixando por último, me abraçou, depositou um beijo nos meus cabelos e foi em direção a porta. Logo todos nós estávamos repetindo seu gesto.
Éramos uma equipe, uma família, mesmo em um momento de perplexidade e instabilidade.

- Eu confio em vocês, vai ficar tudo bem, se cuidem! -Gui disse, e saiu pela porta. 

Gilmar e Gustavo também não demoraram muito até dizerem as últimas palavras e irem embora. Ver todos partirem naquelas circunstâncias me enchia de culpa.
Logo estávamos só eu e meu primo no cômodo, em silêncio.

- Me desculpe por dizer aquilo. -ele disse vindo na minha direção, que me mantinha em pé na sala, e me abraçou- Eu amo você. -me apertou contra seu corpo.
- Me desculpe por isso. -o olhei de frente e novamente as lágrimas insistiram em tomar meus olhos,
- Não é culpa sua. -ele disse calmo como não costuma ser- A culpa é dele. E eu vou matá-lo! -a calma deu lugar, outra vez, ao ódio.
- Eu atirei nele. -confessei e derrubei minhas lágrimas.
- Você o matou? -sorriu feliz e esse gesto me machucava. Apenas neguei com a cabeça em resposta- Não pode amar alguém que te traiu. -olhou nos meus olhos, segurando meu queixo.
- Não o amo! -menti e sequei meu rosto, saindo de seu toque. Ele suspirou.
- Tudo bem, Seja melhor que eu como sempre foi e se cuide enquanto estivermos separados! -voltou a dizer calmo.
- Me cuidarei. Se cuide também, eu imploro! -pedi e ele sorriu- Onde vai agora?
- Casa da Alicia.
- Não vai ir transar com sua liberdade em risco. -repreendi e ele soltou um sorriso.
- Vou me só me despedir. Sabe que ela não é qualquer uma. -admitiu.
- E não vá para os Estados Unidos agora, por favor. A casa da sua mãe será o primeiro lugar que te procurarão. -alertei preocupada.
- Pode deixar. -me abraçou novamente- Até qualquer dia! -beijou minha testa e saiu pela porta.

[...]


Neymar POV


Eu vi o revolver dar seu tranco na mão de Jade, e barulho ensurdecedor antes de sentir o projétil atingir meu corpo. A bala penetrou a pele do meu ombro queimando, e assim que se alojou me tomou por uma dor sem proporções. Eu caí. Minha visão estava turva, e doía muito. Ainda encarei os olhos de Jade antes que ela partisse, e assim que a vi cruzar a porta do quarto, perdi a consciência.


Acordei sentindo cheiro de álcool e qualquer outra coisa que provoca o cheiro típico de hospital. Tive dificuldade em abrir os olhos por conta da luz do local, mas assim que o fiz, notei estar em um quarto hospitalar. Um curativo enfaixava todo meu ombro direito, minha veia recebia uma sustância que julguei ser soro, por uma mangueira presa a um frasco, a um aparelho ao lado do leito monitorava meus batimentos cardíacos. Eu estava vivo.

- Você acordou! -uma voz feminina disse entrando pela porta. Era uma médica- Sou a doutora Claire, e está tudo bem, agente. Você foi socorrido e está no hospital militar. -sorriu amigável.
- Socorrido por quem? -perguntei confuso.
- O serviço de emergência recebeu uma ligação, não sabemos quem foi. Você passou por uma cirurgia para a retirada da balada, felizmente ela teve êxito, pois não havia atingido nenhum órgão vital. E agora você ficará de repouso.
- Quando terei alta? -perguntei pensando em quando poderia atrás de Jade e me explicar.
- Vamos com calma, você acabou de ser baleado! -ela me lembrou- Em breve realizaremos mais exames, e quem sabe eu possa estipular um prazo.
- Tudo bem.
- A propósito, seu coronel está aí fora, John Marshall, eu o conheço, sei que não é fácil, -ela revirou os olhos e eu sorri- Só deixo ele entrar se você concordar e confirmar que tem condições. 
- Pode manda-lo entrar. -suspirei cansado de não poder fugir do que vinha pela frente.






I'M BACK GIRLS!

Gente, estamos há mais de um ano sem postar, e a culpa é única e exclusivamente minha (Bia), continuem amando a Sabrina! Eu me mudei, comecei a faculdade e aconteceram milhões de coisas na minha vida, e eu acabei deixando a fic completamente em segundo plano, me perdoem, de verdade!
Espero que vocês gostem do capítulo, apesar de curto, e continuem acompanhando essa história com a gente, vocês são importantes demais <3

Não posso prometer uma periodicidade, mas assim que der eu volto!

Beijinho