domingo, 20 de setembro de 2015

Capítulo 4 - Protector






Conectei meus fones no celular, e liguei a playlist do Artict Monkeys. Quando abri a porta de casa para mais uma de minhas caminhadas matinais, encontrei uma pasta acinzentada no chão.
Chutei-a de leva, só por precaução, e como nada de anormal aconteceu, eu abaixei e a peguei, constatando que só haviam papéis dentro.
Voltei para o interior da minha casa, e me dirigi diretamente para o escritório.
Me sentei e comecei a examinar a papelada, e ela se tratava de uma estratégia de roubo. Cálculos, probabilidades, itinerário policial da determinada data, placas e registros dos caminhões, lugar exato para ação, valor exato da carga, tudo! Fiquei realmente impressionada com a precisão de detalhes e com tamanha habilidade para desenvolver tal projeto tão bem. A única coisa que não me alegrava, era o país por onde a carga seria transportada, Irlanda. Nós agiamos em todo o Reino Unido, especialmente na Inglaterra, e ninguém ousava desafiar a nossa hegemonia. Mas na Irlanda haviam os Foster, e aquele território era deles.
No fundo da pasta encontrava-se uma folha de papel menor, com o texto feito a mão, em uma bela letra cursiva.

Olá! Eu estava com um pouco de tédio na noite passada, e resolvi criar esse relatório que está em suas mãosbaseado em uma carga com valor estimado em um milhão de libras. O que você achou? Infelizmente não será muito útil à você, existe uma hierarquia na Irlanda, certo?
                               Com carinho,
                                        Neymar

Persistente e inteligente, tenho que admitir. Fez questão de impressionar-me antes de se revelar. Eu já imaginava que ele era capacitado para ser acoplado à nossa equipe, mas depois de ler essa estratégia eficiente, tive certeza!
Ele merecia uma chance com os Mitchel!
[...]
Fiz minha caminhada ainda repassando aquele plano na mente, e refletindo o quão bom ele era, inútil para nós, mas muito bom.
Cada um em nossa equipe era bom em determinada área. Gustavo era um hacker habilidoso, Matthew tinha ajuda de sua lábia para conseguir informações e distrair pessoas, Gilmar e Guilherme eram pilotos sem igual, os melhores entre nós; a montagem da maioria das estrategias ficava sob minha responsabilidade, e ter mais alguém para ajudar seria muito bom.
Assim que voltei para casa, depois de quase três horas, segui direto para minha sala de treinamento, no porão, onde, depois de me equipar com bandagens e ligar o som, passei a socar e chutar impiedosamente o Charlie, meu saco de areia.
- Garota, qual o seu problema com dormir? -a voz de Matthew apareceu, assim que a do vocalista do AC/DC sumiu do som.
- Liga esse som! Vem, vamos socar o Charlie! -disse enquanto secava meu rosto em uma toalha.
- Você não está mais com raiva de mim? -se aproximou, segurando o saco de areia.
- Não! Para de ser menininha! -ele riu, e empurrou Charlie, chutei e Matt teve que se esquivar para não ter o rosto atingido, foi a minha vez de rir.
- Vamos subir e comer, minha mãe mandou chamar você.
- Que horas são?
- Quase onze.
Deixei Charlie lá e subi com o Matthew. Tomei um banho rápido no meu quarto, para me livrar de todo o suor, e só então fui para a cozinha.
- Jade Mitchel, quantas vezes eu vou ter que repetir para você comer antes de fazer exercícios? -uma tia Grace histérica disse, pela quinquagésima vez.
- Desculpa, tia. Eu esqueci que a senhora estava aqui para preparar comida boa! -me sentei.
- Cínica! -Matt disse e riu. A campainha tocou e tia Grace foi atender, voltando no minuto seguinte junto com o Gustavo.
- E ae gente! -fizemos toques e ele sentou.
- Cara, eu juro que procurei o teu jogo, mas realmente não achei, deve ter sido a Jade quem pegou.
- O que? -perguntei sem entender.
- Relaxa, Matthew. Eu não vim buscar o meu jogo, que você pegou emprestado tem sete meses. Vim falar de outra coisa, mas vamos esperar o Gui e o Gil, que devem estar chegando.
- Não tô nem sabendo dessa reunião.  -comentei.
- Porque acabei de criá-la. -explicou e riu.
- Comam logo, antes que os outros cheguem e vocês comecem com essa loucura! -tia Grace interviu, com seu olhar materno repreendedor.
Fizemos o que ela pediu, e logo que acabamos, os outros dois apareceram.
Sem demora estávamos todos no escritório, prontos para ouvir o Gustavo.
- Não vou enrolar. -começou ele- Chamei vocês para mostrar o projeto do aplicativo que eu tô criando.
-  Aplicativo? Você vai sair da equipe? -Matthew perguntou.
- O aplicativo é bem moderno. Permite que você tire fotos, edite com variados filtros, siga pessoas e também tenha seguidores, curta, comente. E ainda pode compartilhar instantaneamente suas fotos nas redes sociais.
- Caralho, é bom, mas parece o Instagram! -Matt observou, animadissimo. Nós quatro gargalhamos e ele não pareceu entender.
- Isso é o Instagram. Seu burro! -Gui disse enquanto ainda ríamos.
- Vão se foderem! -Matthew protestou, tornando a situação ainda mais engraçada.
- Mas agora vamos falar sério. -pedi.
- Bom, o aplicativo verdadeiro não tem nome, e muito menos vai ser usado pelo mundo todo -riu- É algo que vai nos ajudar, como um sonar. Instalarei em celulares específicos que cada um de nós irá usar, não os nossos particulares, só para as operações. Ele indicará, na tela, onde cada um de nós está; e qualquer aproximação policial em um raio de 100 km. Ainda estou tentando ampliar isso, mas...
- Ampliar? Porra, moleque! Tu é um gênio! -Gil gritou, rimos.
- É muito bom mesmo, Gus! -elogiei.
- Valeu!
- Em quanto tempo fica pronto? -Gui perguntou.
- Três meses, talvez quatro. Eu sei que parece muito, mas é que preciso juntar todos os dados, terminar o algoritmo, resolver os bugs...
- Gustavo, fala a nossa língua! -Matthew interrompeu.
- Cala boca, Instagram! -eu disse, todos rimos e ele nos mostrou o dedo- Ei, eu também tenho uma coisa para falar. -caminhei até a mesa, e peguei a pasta cinza sobre ela, e recolhi o bilhete de Neymar- Eu quero que vocês dêem uma boa olhada nisso. -entreguei a pasta ao Gil, que estava mais próximo de mim, e me sentei no sofá de couro preto, esperando que todos terminassem.
- É bom demais! -Gui disse e todos concordaram, até Matthew.
- Não foi você quem fez, né? Porque isso é território dos Foster, você sabe. -Gil alertou.
- Não é meu! Lembra o cara dos Stark? Foi ele quem fez!
- Eu achei realmente bom, e acho que ele merece entrar! -Gustavo afirmou.
- É, o cara tem experiência! -Gil concordou.
- Ok, galera. Eu também acho! -Gui também deu sua opinião.
- Matthew? -perguntei.
- Não! Mas são quatro contra um, não é? -sorriu irônico.
- É! Quero deixar claro que manteremos cautela até termos plena confiança no sujeito. -Matthew bufou.
- Agora você já pode dizer o nome dele. -Gil disse sorrindo.
- Neymar.
- Brasileiro? -Gustavo franziu o cenho.
- Eu não sei. -dei de ombros- Vocês quem são os br, me digam vocês. -ri- Mas ele tem um sotaque que não é daqui.
- Você ta namorando com ele, Jade? -Matthew perguntou, em tom de desdém.
- Por que você sempre leva as coisas pra esse lado, Matthew? -perguntei irritada- É claro que eu não estou dormindo com ele, se é isso que você quer saber! -meus punhos estavam cerrados e minha voz alterada.
- Vocês querem parar? -Guilherme interviu- Vamos sair hoje, Jade. Aí você chama ele, vamos para um pub e conversamos.
- Eu não tenho nenhum contato dele.
- Puta que pariu! -Matthew rosnou.
- Para, Matthew, porra! -Gil o repreendeu.
- Nós sempre nos encontramos aleatoriamente. -expliquei.
- Da próxima vez que se verem, marque alguma coisa, pegue um contato, e avise a gente. -Gustavo disse e eu assenti.
- Mas essa parada do pub ainda esta de pé! -Gui disse e riu.

***

Estava vestida com o meu jeans favorito, claro e bem rasgado, uma regata branca qualquer, com uma jaqueta de couro preto por cima, e calçando um coturno da mesma cor; quando Matthew bateu na porta do meu quarto, avisando que os outros já nos esperavam lá em baixo.

Fomos todos no carro do Guilherme, até o pub que costumávamos frequentar, na Soho. Era uma sexta-feira fria, mas mesmo assim as pessoas enchiam as ruas em busca diversão, é claro que na rua mais badalada da noite londrina não seria diferente. O bar estava cheio, mas sentamos na nossa mesa, porque Andrew, nosso amigo garçom, já havia reservado ela para nós.
[...]
Assim que terminei minha primeira cerveja, comecei a me sentir mal, e não encontrava nenhuma explicação lógica para isso, algo no meu estômago simplesmente não se deu bem com o líquido aquela hora.
Não quis atrapalhar a diversão dos meninos, e mesmo eles tendo dito que me deixariam em casa, resolvi ir de táxi.
Enfiei as mãos nos bolsos da jaqueta de couro, e fui caminhando pela calçada a passos calmos, rumo ao ponto de táxi que ficava na outra quadra. Eu cantarolava Yesterday, dos Beatles, quando passei ao lado de um beco escuro e algo me puxou para o seu interior.
Um homem de capuz me imobilizou em seus braços, ao mesmo tempo que tapava minha boca, e começava a beijar me pescoço.
- Olá, amorzinho! -disse outro homem de capuz, que saiu de outra parte escura do beco- O que uma coisa linda como você faz sozinha? -riu e se aproximou, enquanto eu tentava me soltar de seu comparça. O mesmo parou de tocar seus lábios imundos em mim, e segundo homem tocou meu rosto. Senti nojo.
- Essa é minha, Phil! Você pegou a última! -disse o homem que me segurava e riu. Mordi sua mão. Ele me empurrou, e fui parar nos braços do tal Phil- Você é do tipo agressiva, vagabunda? -se aproximou de mim com ódio nos olhos, e eu chutei seu saco. Ele caiu ajoelhado, devido a dor. O outro riu.
- Adoro as difíceis! -Phil soltou uma risada horrível enquanto me encostava na parede. Ele me segurava de um jeito tão firme que eu não conseguia fazer absolutamente nada, tentei gritar e ele tapou minha boca.
Eu estava perdida, e preferia morrer do que me tornar um brinquedo daqueles dois imundos. O homem começou a beijar meu rosto e pescoço, ao passo de que eu já estava chorando. E nesse instante eu vi mais alguém entrar no beco.
- Larga ela! -gritou uma voz que eu podia jurar que era a do Neymar. O homem o olhou, mas ainda me mantinha presa.
- Sai daqui, não se mete se não quiser morrer! -o homem que estava caído se levantou dizendo. E então o cara com a voz semelhante a do Neymar sacou uma pistola, e atirou na perna do homem que me segurava, que em seguida pulou o muro dos fundos do beco coma ajuda do outro, com certeza o tiro se pegou de raspão, e os dois covardes sumiram na escuridão.
Eu tremia e chorava, a única reação que tive foi me sentar no chão, abraçando meus joelhos. Eu nunca havia passado por nada parecido, estava me sentindo fraca, vulnerável e com muito medo. O homem que estava armado se abaixou na minha frente e e eu gritei, escondendo meu rosto nas mãos.
- Está tudo bem, Jade. Sou eu, o Neymar! -sua voz era calma e eu imediatamente me senti segura. Me joguei em seus braços, e ele me acolheu em um abraço, chorei mais- Eles machucaram você? -nos afastou, e eu pude encarar seus olhos verdes.
- Não, você chegou a tempo! -sequei minhas lágrimas, e ele sorriu.
- Vem, vamos sair desse lugar. -se levantou e me estendeu a mão, eu a peguei e também fiquei de pé. Fomos caminhando devagar, ele passou, suavemente, seu braço em torno da minha cintura, e eu não hesitei em encostar minha cabeça em seu ombro. Senti seu perfume na camisa.
Poucos passos depois, e nós já estávamos dentro de seu carro, fazendo um caminho que eu desconhecia.
- Para onde você está me levando? -não consegui controlar o desespero em minha voz.
- Vamos para o meu apartamento. Confia em mim? -me olhou nos olhos, quando paramos no semáforo. É claro que eu confiava, ele havia acabado de salvar minha vida.
- Sim! -respondi e ele me estendeu sua mão, entrelace nossos dedos, ele sorriu, e levou minha mão até seus lábios, a beijou suavemente e eu senti todo o meu corpo se arrepiar.





Olaaa pessoas, tudo bem? Estão gostando da nossa Jade? Espero que sim. Muito obrigada pelos comentários, ok?  Comentem muito aqui e deixem a tia Bia feliz, kkkk, e eu também, claro, kkk, beijos da Sá.

domingo, 13 de setembro de 2015

Capítulo 3 - Lie




Voltei para casa tão rápida quanto um foguete, e fui direto ao quarto de Matthew, que ainda dormia pesadamente.

- Matthew? Matt? -sacudi seu ombro,  mas ele nem se moveu. Caminhei até as portas duplas que davam acesso à varanda, e as abri completamente,  deixando a luz do dia iluminar o cômodo.

- O que porra você está fazendo?  -berrou ele, irritado, enquanto se sentava com as mãos sobre os olhos.
- Reunião. Ligue para os outros, quero todo mundo no escritório, às 10.
- Reunião? Ficou maluca? Eu mal dormi! -protestou, indignado.
- Foda-se! -respondi, saindo em seguida

[...]

Exatamente no horário que pedi, todos estavam no escritório. Matthew fazia questão de usar sua melhor expressão de desagrado, e não tirava seus óculos de sol do rosto.

Os outros também não me pareciam muito satisfeitos,  mas não eram reclamões exagerados como Matthew.  Mas eu realmente não estava me importando com nenhum deles.

- Espero que seja algo importante,  porque eu estava ocupado. -disse Gui.

- Ocupado? Eu estava dormindo, cara! -protestou um Matt irritado.
- Eu estava fazendo algo melhor do que dormir!  -rebateu ele, com um sorriso malicioso.
- Com a Kristen? -perguntou Gil, surpreso, e Gui assentiu.
- Eu nunca achei que você fosse realmente conseguir pegar ela! -disse Gustavo, e os quatro riram.
- Vocês podem voltar a pensar com a cabeça de cima, para que eu possa começar a falar? -perguntei ironicamente, e recebi silêncio como resposta- Ótimo! O que tenho a dizer,  é que...Há uma pessoa interessada em trabalhar conosco. -os quatro juntaram as sobrancelhas simultaneamente, me encarando, e Matthew finalmente tirou os óculos.
- Como assim? Quem é? -Gustavo perguntou.
- Vocês não o conhecem.
- Fala mais sobre isso então. -Gil sugeriu.
- Ele têm experiência, trabalhou com os Stark por cinco anos.
- Olha aqui, Jade, não  é porque você está gostando de transar com um cara, que ele têm que fazer parte dos nossos negócios. -disse Matthew, com rispidez- Você não está sozinha nessa, isso vai além dos Mitchel, nós cinco somos uma equipe, e somos os melhores. Então você não pode trazer qualquer um, e jogar tudo que conquistamos no lixo! Os Stark estão todo presos, pelo que eu sei. -ele gritava. Em toda minha vida, não me lembrava de ter sido tratada assim por Matthew nenhuma vez, e nós crescemos juntos. Ele nunca foi assim, eu quem sou a explosiva da dupla. Isso me deixou sem palavras.
- Calma aí, Matt. -Guilherme interviu- Em certo ponto ele têm razão, Jade. Nós nem conhecemos esse cara. Você conhece? -perguntou-me gentilmente, eu estava tão visivelmente abalada assim? Droga!
- Não importa. Essa reunião acabou! -foi apenas o que eu disse antes de sair.


Matthew POV



Que Jade é maluca eu sabia desde que vi pela primeira vez aquele bebê de olhos verdes, inquieto nos braços da minha mãe, quando eu tinha apenas dois anos. Mas hoje, ela decididamente passou dos limites. Colocar os nossos negócios em risco?


- Cara, a Jade é toda durona e marrenta, mas continua sendo sua prima. Não precisava falar daquele jeito com ela. -Gustavo me repreendeu.

- Ele tem razão, Matt! -concluiu Gil.
- Quer dizer que vocês são a favor dessa maluquice? Um desconhecido aqui? -perguntei realmente incrédulo.
- Não é isso. Mas não precisava agir daquele jeito. Você é a única família dela aqui, mané! -Gui respondeu.


[...]

Jade POV


Mesmo depois daquele desastre que recebeu o nome de reunião, no qual eu mal pude dizer algo; ainda estava disposta a ir me encontrar com Neymar. Matthew e eu não havíamos nos falado desde que eu deixei aquele escritório. Sim, eu estava com raiva dele. 

Quando estava de saída, rumo ao Green Park, Matthew desceu as escadas apressado.

- Jade, espera aí!  -larguei a maçaneta da porta, e o olhei- O que é? Estou sem tempo! -respondi ríspida.

- Preciso falar com você. -disse calmamente, nem parecia o mesmo cara do dia anterior.
- Seja o que for, pode esperar. Tenho um compromisso, e estou com pressa! -abri a porta, e quando ia sair, ele voltou a falar.
- Espera! É que eu só...quero te pedir desculpas!
- Jura?
- Sim! -sorriu.
- Pois eu quero que você pegue suas desculpas, e vá para a puta que te pariu! -disse antes de finalmente sair, deixando-o com uma cara nada boa.

Fui dirigindo o meu carro, ao som das músicas da rádio, e em vinte minutos eu estava no local marcado. Fazia uma noite chuvosa, o que para mim é realmente ruim, já que não gosto de chuva. Frio sim, chuva não.

Abri meu pequeno e discreto guarda-chuva preto, e adentrei o parque, parando ao lado de um banco de madeira, no qual eu não pude sentar, pois ele estava molhado. Argh, droga de chuva!
Estava começando a me questionar sobre o sentido de estar ali, naquela situação, quando um perfume forte e amadeirado invadiu meu olfato, e logo em seguida senti a presença de alguém.

- Olá! -sussurrou ao meu ouvido, uma voz rouca. E por puro reflexo, virei-me acertando um soco de direita no nariz do desconhecido; que na verdade era Neymar. Sua careta de dor foi imediata, enquanto ele levava uma das mãos ao local que eu atingi- Também estou feliz em te ver, Jade! -ironizou ele.

- Você chegou me dando um susto, não foi culpa minha! -me aproximei dele, de modo que meu guarda-chuva também o protegesse.
- Você por acaso é bipolar? -perguntou rindo, ainda com a mão sobre o nariz, que agora sangrava- Primeiro soca o meu rosto, e depois quer me proteger da chuva? -riu novamente.
- Morra de pneumonia então, eu não me importo! -dei de ombros, me afastando. Ele riu novamente.
- Olha só o que você fez. -me mostrou a mão ensanguentada e...sorriu?
- Você parece uma garotinha chorona!  -zombei. Neymar se aproximou, e com a mão limpa, me puxou chocando nossos corpos.
- Você sabe que não sou uma garotinha! -disse e em seguida umedeceu os lábios. Até com sangue no rosto o cretino era atraente.
- Está querendo levar mais um soco? -perguntei e ele sorriu, me largando- Acho que tenho lenços no carro, para esse seu nariz. -segui até meu carro, com ele me acompanhando. Entrei na porta do motorista, e ele na do passageiro. Abri o porta-luvas, onde se encontravam alguns cds, pen-drivers, uma caixa de lenços de papel...e a minha pistola. Não sou do tipo que usa violência, nem durante as operações, nenhum de nós é. Mas nunca se sabe o que pode acontecer. E não havia problema nenhum que ele a visse.
- Precavida! -comentou ele, limpando o sangue do rosto.
- Você nunca sabe quando vai precisar apertar o gatilho.
- Eu estava me referindo aos lenços, senhorita Mitchel. -riu ele, e eu fiquei...constrangida?
- Vamos logo ao ponto? -mudei de assunto- Eu e minha equipe achamos que você não está qualificado para trabalhar conosco. -menti sem rodeios.
- Jura que você também acha isso, ou foi só a sua equipe?
- Chegamos a um consenso!
- Eu quero saber a sua opinião, Jade. Me acha bom ou não? -em que sentido, seu sedutorzinho barato e ridículo? Pensei, mas não disse.
- Não!
- Não? -perguntou, surpreso.
- Eu nem conheço você, nem sei se Neymar Júnior é mesmo seu nome!
- Tudo bem. -concordou contrariado- Tchau! -disse e saiu.

Imediatamente um impulso enorme me atingiu, um impulso de sair daquele carro também e dizer a ele que aquilo não passava de atuação, dizer que eu o queria ao meu lado...trabalhando ao meu lado, quero dizer.

Acredito em seu potencial, e só pela persistência ele já merecia a oportunidade. Mas (in)felizmente não sou uma pessoa que age por vontades aleatórias, e por isso me mantive ali parada, vendo-o se distanciar.

[...]


Dois dias se passaram, e nada havia mudado. Neymar não deu mais as caras, e continuo sem falar com Matthew. 

Na noite anterior saí para beber com o Guilherme, e realmente exagerei.

***

Acendi meu cigarro assim que terminei minha higiene matinal, saindo do quarto logo em seguida e indo até a cozinha. Logo no meio da escada eu pude sentir o cheiro de bacon e ovos fritos, e alguns barulhos. Mesmo que eu estivesse de ressaca, Matthew nunca acorda antes de mim. Só esperava realmente que ele não tivesse violado nosso acordo, que consiste em nunca trazermos um ficante para nossa casa. Esse acordo obviamente partiu de mim, não sou obrigada a aturar as vadias de Matthew debaixo do meu teto.

Esses pensamentos se dissiparam assim que adentrei a cozinha, e encontrei tia Grace arrumando a mesa, que continha três pratos, e a mesma quantidade de xícaras, rodeadas por torradas, panquecas, queijo, ovos com bacon e café, com um jarro de flores decorativo ao centro.

- Tia Grace? -chamei sua atenção e ela me olhou imediatamente.

- Mãe? -a voz sonolenta de Matthew surgiu atrás de mim.
- Ah, meus amores, olá! -disse ela, sorridente- Como vocês estão? -nos abraçou simultaneamente, como sempre fazia- Estão com fome? Vamos, sentem-se! -ela estava demasiado empolgada, e mal nos dava oportunidade de falar.
- Por que não avisou que viria? -Matthew perguntou.
- Teria ido buscá-la no aeroporto! -completei.
- Quis surpreender vocês. Não gostaram?
- Claro que sim! -Matthew e eu dissemos juntos, e ela sorriu. 

Durante toda a refeição tia Grace falou, perguntando se estávamos nos alimentando direito, perguntando quando eu pararia de fumar, e reclamando por não irmos visita-la. Ela não era só mãe de Matthew, era minha também. Sendo a única irmã do meu pai, tia Grace o ajudou a cuidar de mim desde que nasci, era a única referência feminina que eu tive em toda a minha vida. As namoradas de meu pai não entram nessa seleta lista, claro.


- Por que vocês dois não estão se falando? -perguntou, percebendo que eu e ele só falávamos com ela, e não um com o outro. Nós dois hesitamos- Estou esperando uma resposta! -insistiu. Matthew e eu nos encaramos com desdém.

- Porque o seu filho foi arrogante e me insultou. -respondi simplesmente.
- E porque a sua sobrinha recusou as minhas desculpas e também me insultou.
- Francamente! Vocês não vão crescer nunca? Nem parece que levam a vida que levam. Em relação um ao outro vocês ainda são aquelas crianças birrentas.  A verdade é que um não vive sem o outro! -a frase que começou ríspida, terminou com um risinho.








WHAT DO YOU MEAAAAAN? ♪♫


Olá de novo, amoras! Como vocês estão? Quero ver todo mundo deixando suas opiniões sobre o que vai acontecer na história, ein?!

Queremos agradecer os comentários, e avisar que nós estipulamos dias certos para os capítulos serem postados. Os capítulos de Everything To Me vão sair às quartas-feiras, já os de On The Run vão sair aos domingos (nossa, jura?) 

ASK




"– Sinta Lizzandra, ouça seu coração, por favor, eu sei que você sente algo, permita-se sentir – estávamos tão próximos que quase senti meu nariz tocar o seu. Um nó formou-se em minha garganta, impedindo-me de falar, engoli seco e por fim falei.

- Eu não sei... isso dói  – sussurrei e balancei a cabeça. Lágrimas em meus olhos impediam-me de vê-lo. Fechei os olhos e as lágrimas solitárias escorram pelo meu rosto até cair em algum lugar.
- Permita-me entrar então... Aqui Liza, diga sim – ele pousou sua mão em meu coração, sua pele quente e viva aqueceu a minha fria e sem vida.
- Eu não posso... Isso vai nos destruir, acabar com o resto que há de mim e com tudo que há de você. Sou uma granada pronta para explodir, sou traumatizada dos pés a cabeça, você merece algo melhor.
- Eu mereço você – Júnior segurou meu rosto e encarando meus olhos, senti seu olhar tocar minha alma, como nunca ninguém fez. Eu queria permitir sua entrada, queria sentir, mas para isso precisaria lutar contra os fantasmas que me assombravam, mas não sei se estou preparada para tamanho sofrimento, muito menos para ser amada.” 


GOSTOU? ENTÃO LEIA EVERYTHING TO ME E NÃO PERCA NENHUM DETALHE DA HISTÓRIA DA LIZA E DO JÚNIOR

Enfim, beijos da Bia

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Capítulo 2 - I want to work with you




Jade POV

Quem era aquele cara, e por que ele havia conseguido com que eu não o desse um fora, eu não sei. Mas estava intrigada e queria saber até onde estaria disposto a ir. Nunca bebo algo vindo de procedência duvidosa, aprendi isso com meu pai. E quando Neymar me entregou a taça de champanhe, eu simplesmente disfarcei, e a coloquei sobre a mesa de cabeceira, fiz a mesma coisa com a taça dele, logo em seguida. Empurrei-o e ele caiu sentado na cama, sentei-me em seu colo e arranhei suas costas, por baixo da camisa. Comecei a abrir seus botões da camisa, e sua ereção era evidente.


- Ja...Jade, ca...calma! -dizia com dificuldade, eu estava mexendo com ele.

- O que você quer? -beijei seu pescoço, e desci minhas mãos por dentro de sua calça, acariciei seu membro ereto. Ele gemeu rouco em meu ouvido.
- Jade...ah...Jade! -e então ele beijou meus lábios intensamente, mas eu me levantei de forma brusca. Ele me olhou sem entender nada, juntando as sobrancelhas.
- Eu não saio por aí, transando com qualquer babaca desconhecido! -dei uma piscadela.
- Você vai me deixar nesse estado? -apontou para a própria calça.
- Eu vou! -sorri e saí do quarto. Confesso que fazer isso não foi muito fácil. Deixar aqueles braços fortes, e aqueles olhos verdes, não era a melhor das opções. Mas aquele cara me despertou uma curiosidade estranha, e eu precisava saber mais dele. E o único jeito de fazê-lo me procurar novamente, era deixa-lo na vontade, mesmo que isso signifique me deixar na vontade também. Que merda, Jade!

[...]

Fumar meu velho cigarro ao som de um bom rock! Essa era a única coisa que me relaxava na véspera de um plano. Beber também ajudaria, mas eu não ousaria correr o risco de não estar sóbria.

Levo essa vida há três anos, mas acho que isso nunca vai mudar, planejo bem e conheço todas as táticas, mas nunca escapo dessa ansiedade prévia

[...]


Eram exatamente seis da manhã, quando Matthew e eu saímos de um táxi que nos deixou no portão de casa. Nosso plano correu perfeitamente bem, após entregar a carga de eletrônicos importados ao receptador e receber o pagamento; eu, Matt,  Guilherme, Gilmar e Gustavo, deixamos nossos carros na garagem. Mantemos um galpão que serve como garagem e oficina para os veículos que usamos nas operações. É um lugar discreto que fica em uma região afastada da cidade, longe de qualquer suspeita.


- Você foi muito bem hoje, de novo! -disse Matthew, quando entramos.

- Eu sei. -ele riu.
- Inclusive acho que deveríamos sair para comemorar mais tarde, nós cinco. Mas agora o sol mal acabou de nascer, e eu preciso ir dormir. Boa noite, little sweet.
- Tchau, Matthew! -revirei os olhos para seus apelidinhos, e seguimos para os nossos quartos. Apesar de estar um pouco cansada, a sensação de adrenalina ainda corria pelas minhas veias. E como em todas as manhãs comuns costumo sair para caminhar, resolvi ignorar o desgaste físico e cumprir com a minha rotina.
Antes de sair, tomei um banho, e troquei a roupa que usava, por calça e blusa de moletom, acompanhadas de um par de tênis. Meu cabelo estava preso em um coque alto, meus olhos escondidos por um óculos de sol, e minha pele livre de qualquer maquiagem.
Para variar, fazia mais um dia nublado, na fria cidade de Londres. Mas isso realmente não era problema, já que prefiro as temperaturas mais amenas.
Caminhei apenas dois quarteirões, ouvindo Nirvana nos fones, e entrei no Starbucks. Após pegar meu frapuccino de chocolate, me sentei em uma mesa ao lado da enorme parde de vidro, que fornecia uma ampla visão da rua movimentada. Fiquei observando as pessoas lá fora, enquanto usufruia da minha bebida. Um carro em especial, acabou chamando minha atenção. Era o carro de Neymar, estacionando do outro lado da rua. Ele saiu sozinho, vestia um.jeans largo e uma camiseta preta da Nike, seus tênis eram da mesma marca, e seus olhos verdes também estavam protegidos por um óculos de sol. Ele olhou as horas no relógio de pulso, antes de analisar os dois lados da rua, e atravessar rumo aonde eu estava. Neymar havia me visto, sem dúvidas, mas eu fingi não tê-lo notado. Seu caminhar era calmo, e ele levou uma eternidade para adentrar o local.


Neymar POV


Estou sendo o pior profissional nesta missão. O que está havendo comigo, eu ainda preciso descobrir.

Primeiro ajo como um idiota, revelando minha verdadeira identidade; em seguida deixo uma criminosa me excitar, e por pouco não perco o controle. E para piorar ainda mais meu primeiro dia de ação, não consegui impedir o roubo.
 O que aconteceu com o antigo e altamente eficiente agente Santos?
De acordo com o dossiê de informações que tenho sobre os Mitchel, Matthew raramente é visto fora de casa antes das dez da manhã, ao contrário de Jade, que todas os dias caminha pontualmente às seis.
Me atrasei alguns minutos, e às 06:06 eu estacionei meu carro uma esquina antes da casa dos Mitchel. Esperei...Mas nada. Continuei lá...E nenhum sinal. Foi só às sete que ela apareceu. Passou do outro lado da rua, mexendo em seu celular, não me notou.
Jade continuou andando, e eu esperei que ela ganhasse certa distância, para segui-la. Graças à todas os meus treinamentos para essas ocasiões, mais um vez não fui visto.
Aguardei cinco minutos, antes de estacionar do lado oposto da rua, em frente ao Starbucks. E em seguida, entrei no local, indo diretamente na direção dela. Se não conseguisse uma aproximação com Jade; já teria que começar a pensar em um plano para ganhar a confiança de Matthew. Uma tática completamente diferente da qual estou usando com Jade, é claro!


Jade POV


Assim que adentrou ao local, Neymar se dirigiu à minha mesa, e sentou-se de frente para mim sem se quer ser convidado.


- Bom dia! -disse ele, com os lábios curvados em um sorriso.

- Você está me seguindo? -perguntei e ele deu um risinho.
- Só vim aqui tomar um café. -deu de ombros.
- Espero que tenha trazido a carteira dessa vez.
- Eu trouxe!
- Ótimo. Agora pode escolher uma dessas mesas vazias e se sentar.
 - Por que foi embora daquele jeito? -me questionou, ignorando minha sugestão.
- Eu disse o porquê.
- Vamos combinar em não mentir? -ele riu- Será mais fácil.
- O que você quer?
- O seu número.
- Pra que caralhos você quer meu número? -juntei as sobrancelhas.
- Para nos vermos!
- Sabe aquela quase transa? -perguntei e ele assentiu- Vai continuar sendo uma quase. Não vamos nos ver mais! -disse e me levantei, levando minha bebida. Mas antes que eu me distanciasse, Neymar segurou meu braço.
- Jade, espera. Tenho uma proposta para te fazer. -o olhei de cenho franzido, mas voltei a me sentar.
- O que é?
- Eu quero trabalhar com você! -disse ele e sorriu.
- Do que é que você está falando? Eu sou universitária.
- Ah, é? -riu- E cursa o que?
- Annn....Medicina! -respondi rápido.
- E vai se especializar em qual área? -seu tom ainda era zombeteiro.
- Cardiologia! -eu estava dizendo tantas bobagens que se abrisse mais a boca, me perderia.
- Jade, Jade -riu ele- Por favor, lembra quando eu disse sobre não mentirmos? Eu sei o que você faz. Vamos lá, o sobrenome Mitchel é muito conhecido na nossa área.
- O que quer dizer com "nossa área"?
- Dos roubos de carga. -sussurrou em resposta.
- Quem é você? -perguntei ainda mais intrigada. Como esse homem surge do nada, sabendo sobre a minha vida?
- Eu trabalhei durante cinco anos com os Stark em Los Angeles. Você já deve ter ouvido falar deles.
- Já...E pelo que eu sei, foram todos presos, e estão no corredor da morte a essa hora.
- Acho que posso me considerar um cara sortudo.
- Ou o portador do azar. -sorri ironicamente e o fiz rir.
- Talvez. Mas estou aqui, disposto a trabalhar com você.
- Se aproximou de mim ontem apenas por isso? -que droga de pergunta é essa, Jade? Controle essa língua, seu cérebro de merda.
- Evidentemente não. -ele sorriu- Já percebeu como você fica linda iluminada por aqueles jogos de luz?
- Não. E não importa. -me apressei em mudar de assunto- Por que acha que eu deixaria você trabalhar comigo, e com o meu pessoal?
- Porque eu sou bom no que faço! -disse lentamente, enquanto mordia seu lábio, e eu só conseguia pensar em seus braços envolvendo meu corpo, e o gosto de seu beijo. O maldito sabia ser sedutor.
- Amanhã, às oito da noite, no Green Park. -disse isso antes de me levantar outra vez, e sair dali bem rápido.






BOY, YOU BELONG TO ME I GOT THE RECIPE AND IT'S CALLED BLACK MAGIC, AND IT'S CALLED BLACK MAGIC 

Opa, me empolguei! Mas eae, cookies? O que vocês estão achando da fanfic nova? Estão gostando da Jade? Por favor, tirem os olhos do Matthew porque ele é meu, e eu sou uma pessoa louca e possessiva bjs!


Agora vamos falar sério! Sabrina e eu ficamos bastante felizes com os comentários, e esperamos que eles cresçam cada vez mais, porque a opinião de vocês sempre será importante! Eu queria muito saber se vocês tem palpites sobre o que vai acontecer na história haha tô super curiosa pra saber se estão gostando mesmo! E qualquer dúvida, estamos no Ask, o link vai ficar ali embaixo.


Antes que eu me esqueça de novo, quem quiser entrar em um grupo de leitoras no whats, com muita gente maluca (AMO VOCÊS READERS), deixa o nome e o número aí ou no ask. 


É isso aí, beijos das tias!


Ask