Jade POV
Um metro e sessenta e cinco de altura, sessenta quilos bem distribuídos, pele clara, cabelos naturalmente loiros, e olhos verdes.
Se você me visse andando pela rua, o que acharia que faço para ganhar a vida?
Esse é exatamente o lado mais vantajoso de possuir essa fisionomia. Ninguém nunca, em hipótese alguma, suspeitaria que uma garota com rosto de boneca Barbie, lidera a maior quadrilha de roubos de carga da Inglaterra.
Não é a vida mais comum e fácil de todas, mas é algo do qual eu não posso e nem quero fugir. Planejar, liderar, e sentir aquela adrenalina a cada ação bem sucedida, é inexplicável, eu realmente nasci para essa vida.
- Jade? Ainda está aí? -Matthew bateu na porta do escritório, onde mais uma vez, eu estava revisando nosso próximo plano.
- Estou ocupada! -respondi sem nem tirar os olhos da tela do macbook.
- Você está há horas trancada nesse lugar! -disse ele, impaciente, quando abriu a porta.
- Não me enche!
- Você nunca vai parar de ser tão detalhista? -zombou, sentando-seazuinha mesa. Ele sabe que odeio isso.
- Essas drogas de planos só têm dado certo, por eu ser tão detalhista. -imitei sua voz.
- Por você ser muito humilde também, não se esqueça. -ironizou.
- Afinal de contas, por que está aqui, Matthew?
- Também moro nessa casa, esqueceu?
- Você entendeu perfeitamente o que eu quis dizer, caralho.
- Vim chamar você para sair.
- Perdeu seu tempo. Vá você, comer uma de suas putas, e só me apareça amanhã! -ele deu uma gargalhada.
- Você é ridícula, Jade. -levantei meu dedo do meio para ele- O plano é amanhã a noite. Você precisa espairecer hoje, relaxar, ou vai acabar explodindo. -riu- Levanta dessa cadeira e vai tomar um banho, saímos em trinta minutos. Não é um convite! -deu uma piscadela e deixou o cômodo. Matthew Mitchel, meu primo de merda, é a pessoa mais idiota de todo o planeta; mas também é das únicas pessoas com quem eu me importo, e o único que consegue me tirar do trabalho.
Fui para o meu quarto, que ficava logo de frente para o meu escritório; e separei uma roupa qualquer, antes de entrar no banho.
Exatos quarenta minutos depois, eu estava pronta. Calça preta justa, camiseta dos Rolling Stones branca, uma jaqueta de couro preta e um coturno. Meus cabelos estavam soltos, e meus olhos delineados. Provavelmente Matthew me levaria em uma das boates xexelentas, repletas de putas, que ele frequenta. Senti arrependimento por ter aceitado seu não convite, após esse pensamento.
- Um mês antes-
Neymar POV
Meus seis meses de recesso haviam enfim terminado. Eu nem sei porque eles exigem que eu fique tanto tempo longe do trabalho; mas regras são regras.
Minha última missão foi tão bem concluída, que "ganhei" esse prolongamento de férias.
Mas finalmente eu estava de volta ao Serviço Secreto Britânico, também conhecido como meu local de trabalho.
- Bom dia, Jenny! -sorri, cumprimentando a secretária, ao entrar.
- Bom dia, agente Santos. Bem-vindo de volta! -sorriu ela- O Coronel Marshall, pediu que fosse até a sala de reuniões assim que chegasse.
- Ah, sim. Obrigado! -ao chegar na sala de reuniões, encontrei uma boa parte da equipe de inteligência, juntamente com o Coronel. Nos cumprimentamos e eu me sentei junto à eles, ao redor da enorme mesa de vidro, repleta de pastas, arquivos e computadores portáteis.
- Bom, agente Santos, eu sei que é seu primeiro dia de volta, mas sei também que não gosta de ficar parado...-começou John Marshall- Você foi selecionado para realizar mais uma missão. -sorri, aquilo era música para os meus ouvidos. Capturar criminosos era o que eu sabia fazer de melhor-
- Do que se trata?
- Dos Mitchel.
- Mas Norman Mitchel não foi morto há três anos? -perguntei surpreso.
- Sim. Mas os roubos continuaram, no início, a polícia local acreditou ser obra de outras quadrilhas. Mas a nossa inteligência, descobriu que alguém da família Mitchel continua comandando tudo. No caso, a filha e o sobrinho de Norman. E é aí que você entra!
- Mas Coronel, o especialista nesse tipo de operação, é o agente Harrison.
- Você foi o escolhido! -rebateu ele, implacável-
- Senhor, por que não pedimos um mandato, e vamos prendê-los de uma vez?
- Porque não temos provas materiais. Nada além de relatos desajustados de vítimas desesperadas. Os herdeiros de Norman Mitchel, estão entrando em um esquema sem proporções. Algo realmente grande. E é nisso que estamos de olho!
- Agora eu entendi, senhor!
- Os agentes vão lhe fornecer todas as informações necessárias. -disse ele, se referindo as demais pessoas da sala, e saiu do lugar.
[...]
Passei exatos trinta e um dias, estudando a máfia dos Mitchel. Descobrimos mais um roubo de proporções bem menores, que seria realizado dali um dia, o qual eu também estava encarregado de impedir.
Estava fazendo o caminho do escritório para casa, ainda pensando em uma forma de acabar com o próximo roubo dos Mitchel. Enquanto passava com meu carro na frente de uma boate, avistei Jade Mitchel, encostada em seu Dodge preto. Diminuí a velocidade, e pude ver Matthew Mitchel se aproximar dela, sorridente, ele segurava duas pulseiras que dão acesso à área vip. Devido a grande quantidade de pessoas por ali, eles não notaram minha presença. Estacionei meu carro na primeira vaga que encontrei; tirei a gravata e o paletó, dobrei as mangas da camisa branca social e abri três botões, troquei a calça por uma jeans que havia na minha mochila, e os sapatos sociais por um par de tênis, que também estavam perdidos pelo meu carro.
Também comprei uma pulseira vip, e entrei. O lugar era enorme, já havia ouvido falar, mas nunca tive a vontade de conhecer, era uma das melhores de Londres. Os jogos de luz te perseguiam onde quer que fosse, a música eletrônica era ensurdecedora, e algumas pessoas usavam os pufs e sofás decorativos do local como uma improvisação de motel.
Eu não tinha ideia do que fazer, ou onde procurar os dois criminosos. Procurei-os com os olhos, inicialmente sem sair do lugar, e avistei a Mitchel desacompanhada, no bar. Fui até ela. Eu tinha que impedir seus planos, e a única solução que me ocorria, era mantê-la ocupada até a próxima noite, afim de que ela não comparecesse na operação com sua quadrilha.
Jade POV
- Vem, vamos dançar, você tem que relaxar! -disse Matthew, me puxando em direção a pista de dança, quando entramos naquela maldita boate.
- Eu já concordei em vir nesse lugar ridículo com você. Agora vai para a puta que te pariu, e me deixa em paz! -sorri ironicamente, Matt riu e me deu um beijo na testa, antes de sumir por entre aquele bando de pessoas. Fui para o bar, o único lugar onde realmente havia algo que me interessava. Pedi uma garrafa de uísque e bebi, enquanto dava foras em todos os atrevidos que chegavam perto de mim. Eu realmente estava sem paciência para nada, muito menos para homem bêbado. Em uma rápida olhada pelo local, percebi que mais um vinha na minha direção. Possuía um corpo magro, mas atlético, pele morena e cabelo desajeitado. Em menos de meia hora, esse seria o quarto babaca que eu mandaria para aquele lugar.
Neymar POV
- Olá! -disse sorridente, sentando-me ao lado dela. Não obtive resposta, ela sequer me olhou- Uísque12 anos? É o melhor, meu favorito! -me referi a sua bebida, e a Mitchel me olhou. Seus olhos eram de um verde ainda mais intenso, visto pessoalmente.Ela juntou as sobrancelhas e correu seu olhar pelo meu corpo.
- O que você quer? -perguntou, ríspida.
- Para começar, uma dose da sua bebida já seria ótimo! -sorri.
- Compre a sua! -respondeu-me, sorrindo ironicamente. Que Jade Mitchel possuía dinheiro para comprar quantas garrafas quisesse, eu sabia, mas seu gênio não a permitia ser gentil de forma alguma. Ninguém da inteligência havia mencionado isso para mim.
- Deixei a carteira com um amigo, e ele me deu um perdido. -inventei a primeira coisa que me passou pela mente.
- Hum...-resmungou ela, afastando a garrafa na minha direção- Não deveria aceitar bebidas de estranhos, posso estar te drogando nesse exato momento -riu maldosamente, quando dei o primeiro gole no meu copo-, posso estar fazendo isso para roubar seus órgãos, e vende-los no mercado negro.
- Roubar os outros órgãos né? Porque meu coração você já roubou! -dei uma piscadela, entrando no jogo.
- Essa foi a pior cantada que eu já ouvi! Sério, foi bem lixo.
- É, eu concordo! -ri- A propósito, sou Neymar Júnior...-droga, eu nunca, nunca poderia ter dito meu nome verdadeiro. Sempre trabalho disfarçado, e por que merda eu me esqueci desse detalhe? Seus grandes olhos verdes continuavam a me encarar, enquanto eu quase sofria uma síncope interna- E você?
- Jade...Mitchel!
- Um belo nome. -sorri- Trabalha com o que?
- Roubo de cargas. -ri, fingindo não acreditar. Jade nunca mentia a respeito disso, pois sabe que ninguém nunca acreditaria que realmente é verdade. Afinal ela tem esse rosto de Barbie. E Barbies não roubam nada, ou roubam?- E você?
- Caço vampiros. -respondi e ela riu satisfeita, achando que eu não havia acreditado no que ela disse.
- Seu trabalho é muito mais legal que o meu! -disse ela, divertida.
- Ah, é sim. Eu sou o herói, sabe?
- Vou contar-lhe um segredo...-se aproximou de mim- Os vilões são os melhores! -sussurrou no meu ouvido, e eu senti meus pelos da nuca se arrepiarem, ela deu uma risadinha.
- Mas eu posso te mostrar, que um herói pode ser muito bom em diversas outras coisas. -mordi o lábio e ela sorriu.
- O que está esperando para fazer isso?
- Vamos para algum outro lugar, então! -me levantei e ela me acompanhou. Seguimos até o estacionamento, e entramos no meu carro. Na minha mente, só havia um plano. Levar Jade Mitchel para um motel, dar à ela algum remédio para dormir bastante, a ponto de perder a hora de sua operação; e quando ela acordasse, fingiria que tivemos a melhor noite de todas. Era fácil [...]
Assim que adentramos o luxuoso quarto de motel, Jade me surpreendeu com um beijo intenso. Sua língua percorria minha boca com pressa, enquanto eu apertava sua cintura, e ela passava as mãos pelo meu cabelo. Seu gosto era de uísque com gloss de morango. Mas eu cortei o beijo, ela era uma criminosa e eu estava em missão. Confesso que tive dificuldade de convencer meu corpo disso.
- Ei, ei, calminha! -sorri a olhando- Vamos beber alguma coisa primeiro. -soltei-a e caminhei em direção à uma mesa redonda de vidro, onde havia um balde gelo com duas garrafas de champanhe, taças, morangos e chocolate. Coloquei o líquido em duas das taças, e com cuidado para que ela não visse, despejei um pózinho branco, remédio para dormir, que imediatamente se diluiu na bebida. Depois voltei até Jade, que me esperava sentada na cama, lhe entreguei sua taça e ela sorriu- Um brinde a essa noite! -disse sorrindo e nós brindamos, em seguida beberiquei o líquido, mas ela não.
Voltaaaaaamos! Com duas fanfics diferentes de tudo que já fizemos, e esperamos que vocês gostem e nos acompanhem como sempre.
