domingo, 13 de dezembro de 2015

Capítulo 8 - Friendship



Eu tentei dormir e foi em vão, meus pensamentos não paravam de me torturar, e eu já estava beirando a loucura. Recorri a televisão, ao meu celular e aos livros também, mas não conseguia me concentrar em nada. E para piorar eu ainda estava sozinha naquela casa enorme. Resolvi sair.
Era quase nove da noite quando estacionei meu carro em frente ao pub da Alicia. Comecei a frequentar o lugar assim que entrei na faculdade, e depois de algumas visitas criei amizade com a dona. Alicia Adams é só alguns anos mais velha que eu, tem 26, e assumiu a administração quando seu pai adoeceu, e resolveu se mudar para o interior com sua mãe. Ela é a única mulher com quem realmente tenho uma amizade, além da tia Grace.
- Quem é vivo sempre aparece! -ela disse ao me ver sentar em um dos bancos junto ao balcão. Mesmo cuidando mais da parte administrativa, a maluca gosta de estar ali.
- Controle sua saudade. Me da alguma coisa pra beber aí, o atendimento nesse lugar já foi melhor. -ela riu enquanto me servia uísque.
- Vamos sentar em uma mesa, por mais que você não mereça, eu estou realmente com saudades. -sorri e fomos nos sentar- Agora me fala o que andou fazendo além de roubar.
- Nada, só roubando mesmo. -Alicia riu.
- É impressão minha ou você está o desanimo em pessoa hoje?
- Impressão.
- Como se eu não te conhecesse, Jade. O que é que foi?
- Uma mulher não pode nem beber mais sua bebida em paz?
- Para de fugir da minha pergunta, peste. -ela insistiu.
- Eu transei com um cara hoje, e...-pausei.
- Isso não deveria ter te deixado de bom humor? -riu.
- Alicia, porra, é sério.
- Ok, continua.
- E eu senti uma coisa estranha...
- Para de cortar as frases antes que eu corte sua garganta.
- Foi uma sensação diferente, era mais que prazer, era como se...
- Como se?
- Eu precisasse dele. -admiti.
- Você está falando que está apaixonada?
- Claro que não!
- Quem é ele?
- Um novo cara da equipe.
- Você não deveria misturar sexo e trabalho.
- Eu sei.
- E ta arrependida? -a pergunta dela me fez refletir brevemente. Mesmo essa situação tendo me bagunçado internamente, eu não estava arrependida, o que era mais insano ainda.
- Eu...não, pior que eu não estou arrependida. Ali, colabora, vamos mudar de assunto. Quero mais bebida, cadê?
- A coisa está pior do que eu imaginei -riu enquanto fazia um sinal para o garçom, que trouxe a garrafa de uísque.
- Do que você está falando? -juntei as sobrancelhas.
- Olha a forma como você foge do assunto -ela riu- Quer ser livrar de uma coisa que já não tem muitas forças pra resistir.
- Alicia, eu vou embora. Cala essa boca ou muda de assunto!
- Ok -riu, erguendo as mãos em sinal de rendição- Do que quer falar? Ah, espera, já sei...Adivinha quem deu as caras por aqui ontem de novo?
- Quem?
- Matthew.
- O meu Matthew?
- Exatamente.
- O que ele queria?
- Ainda aquele papinho. Nós ficamos uma vez e ele não supera. Eu ainda estou de rolo com aquela menina, lembra? -assenti.
- Ele vem sempre aqui?
- Algumas vezes. E eu me tranco no escritório.
- Parece que eu não sou a única que foge do assunto. -ri.
- Não é assim também -ela riu.
- Talvez ele goste de você.
- Sério? -ela perguntou sem muita fé.
- Não. Você sabe que eu não acredito nessas coisas.
- Cuidado com o que fala, Jade. -riu.
- Não acredito mesmo que alguém goste tanto de uma pessoa a ponto de ser dependente e querer passar a vida inteira ao lado.
- Você é uma pedra!
- Talvez. -dei de ombros-
- Mas mesmo assim, por enquanto estou de boa no meu lance com a Carly. Não quero saber do Matthew agora.
- Só agora né? -ri.
- Cala essa boca, Mitchel!
- Você sabe que só trabalho com verdades -ela riu- Tava pensando em sumir um pouco, sabe?
- Não, como assim?
- Não tenho nenhuma encomenda para entregar nas próximas semanas, dinheiro também não é problema. Quem sabe seja a hora de dar uma volta.
- Você quer mesmo fugir desse cara. -ela observou.
- Não tem nada a ver com ele.
- Se você diz -Alicia riu dando de ombros- Mas sabe que eu também tô precisando dar uma saída. Tô me sentindo meio empoeirada, o tempo inteiro nesse bar.
- Talvez pudéssemos ir pra Miami, ficar com a minha tia, mas tem todo aquele lance de sol que eu odeio.
- Tem a minha casa em Brighton! -ela soou animada e sorriu.
- Acabei de dizer que não gosto do sol.
- Eu sei, por isso eu sugeri Brighton. Nem que você faça uma dança tribal o sol brilha igual na Flórida. Agora para de ser uma velha chata e vamos!
- Ok, nós vamos.
- Sexta a noite?
- Fechado!

[...]

- Vai viajar? -Matthew perguntou enquanto se jogava na minha cama, e eu fechava a pequena mala.
- Não, essas coisas são suas, estou te expulsando de casa. -ironizei.
- Sério, doce prima. -ele riu quando lhe mostrei do dedo do meio- pra onde você vai?
- Por que quer saber?
- Sou seu primo mais velho, tenho que cuidar de você.
- Não fode, Matthew! -ri.
- Me conta, inferno de garota.
- Você é o mais fofoqueiro do mundo, sabia?
- Sim, o mais lindo também.
- Vai dar, garoto. -ele riu.
- Jadinha?
- Eu vou pra Brighton, ta feliz? Af.
- Doeu me contar? Eu posso ir? Vai sozinha?
- Não, não e também não.
- Vai com quem? -perguntou desconfiado enquanto se sentava.
- Alicia. -vi sua musculatura relaxar com a minha resposta- Com quem mais poderia ser?
- Ninguém! -ele riu meio aliviado, aposto que poderia jurar que eu iria com o Neymar- Voltam quando?
- Ai, me deixa em paz! -disse quando terminei de amarrar o tênis e saí do quarto puxando a mala.
- Alicia já chegou? -perguntou me seguindo.
- Já. -respondi olhando sua mensagem no meu celular- Tchau, Matt. Lembre-se de que nosso trato vale até quando não estou em casa, ou seja, nada de vadias aqui. Tenho olhos e ouvidos em todos os lugares, e vou saber se vacilar.
- Vai se foder, e boa viagem! -disse abrindo a porta e me empurrando pra fora juntamente com as minhas coisas. Mas ao invés de entrar ele ficou ali, olhando nós duas, guardei minha mala no banco de trás, e antes de entrar vi Ali acenar para o Matthew, que correspondeu e fechou a porta em seguida. Logo ela estava ao volante, coloquei o CD do Arctic Monkeys, e fomos conversando durante a viagem de mais ou menos uma hora.
Eu gostava bastante de Brighton, às vezes meu pai me levava lá, ele gostava muito do mar, e ficava sentado o observado por longas horas, enquanto eu me divertia nos parques de diversão. Na época eu não entendia muito bem, mas estar de volta a essa cidade era bom, além dessas boas lembranças, o lugar era realmente relaxante, e a casa dos Adams ficava em um lugar bem tranquilo. Era bem de frente para a praia, e da varanda mesmo você já podia tocar nas pedrinhas que tomavam o lugar da areia e sentir a brisa que vinha do oceano. Apesar de sempre associarmos praia com calor, Brighton era diferente, tinha um bom frio, e esse era o seu charme.

- Adoro essa casa. Me sinto no livro Querido John quando estou aqui. Agora só falta o John mesmo. -Alicia disse, enquanto se sentava em um dos sofás da varanda, onde eu também estava sentada em um, e me entregava uma xícara com chocolate quente igual a sua.
- Você é ridícula! -rimos.
- Tomara que amanhã faça sol para encararmos esse mar. -dei de ombros, bebericando meu chocolate- Está pensando nele, não é?
- Infelizmente estou.
- Tem certeza que não gosta dele?
- Tenho. Na verdade eu o odeio!
- Odeia? -Ali arqueou uma sobrancelha.
- Sim! Odeio o jeito que ele fala comigo, e como sua voz soa ao dizer meu nome. Odeio o fato dele estar em todos os lugares, e ser tão inteligente. Odeio também a forma como ele sorri e seus olhos quase fecham, aqueles olhos verdes. Ainda odeio aqueles lábios persuasivos, odeio seu beijo, sua pegada e seu senso de humor irritante!
- Meu Deus, Jade! -ela riu- Socorro, eu nunca vi você assim!
- Não sei do que você está falando.
- Você gosta dele!
- Não, é claro que não. Acabei de te listar os motivos pelos quais eu o odeio, ficou louca? O que tem nessa sua xícara aí, vodka? -ela riu novamente.
- Mas, Jade...-a interrompi.
- Vou dormir, boa noite! -levantei e entrei antes de ouvi-la dizer qualquer coisa.
Depois de apagar a luz e me deitar, tudo que fiz foi ficar encarando o teto escuro. Eu já estava há dois dias sem falar com ele, desde a quarta-feira, quando tudo aconteceu.
Eu nunca diria em voz alta que tem algo especial no Neymar, mesmo que, talvez eu mesma já esteja convencida disso. E esse algo me dava uma vontade incontrolável de tê-lo por perto o tempo inteiro, ou pelo menos ouvir sua voz.
Coloquei minha mão debaixo do travesseiro até encontrar meu celular, fui até a agenda e fiquei olhando seu contato, eu não tinha coragem suficiente para ligar. Mas desde quando coragem foi um problema para mim? Disquei.
- Alô? -sua voz calma me atendeu prontamente- Jade, por que você sumiu? Jade? Seu nome apareceu no visor, sabia? -mesmo sem vê-lo eu sabia que ele havia sorrido- Tudo bem, você ainda não quer falar comigo. Mas pelo menos posso ouvir sua respiração...então vou ficar aqui, até você decidir falar. -desliguei assim que ele terminou a frase. Minha pulsação estava acelerada, eu precisava beber água, e foi o que eu fiz, antes de voltar, desligar o celular e finalmente conseguir pegar no sono.

[...]

- Alicia Margareth Adams, cadê a comida dessa casa? -gritei ao pé da escada.
- Não tem não, monamu. Você esqueceu que ninguém mora aqui? O chocolate de ontem eu trouxe de Londres. E não me chame de Margareth! -disse descendo.
- E como vamos tomar café da manhã, Margareth?
- Vou quebrar a sua cara! -eu ri- Vai se trocar e a gente sai pra comer.
- O que tem de errado com a minha roupa?
- Nada, Jade. Não tem nada de errado com essa calça de moletom, essa camiseta surrada e o coturno que eu sei que você vai calçar -ironizou.
- Pensei que a gente ia sair pra comer, e não pra ir a semana de moda!
- Vamos logo, vai! -riu enquanto saíamos- Eu estava pensando em viajar no mês que vem -comentou enquanto caminhávamos pelo calçadão, rumo a uma lanchonete de donuts.
- Pra onde?
- Pensei na Amazônia brasileira, e depois para a Índia. Você sabe que gosto de estar em paz com o meu eu interior, e um pouco de natureza e espiritualidade não faz mal a ninguém.
- Você é completamente louca! -argumentei em tom de negação.
- Louca é você. Fica estocando todo esse seu dinheiro pra que? Não vejo você gastar ele com nada de bom, só bebidas e cigarro. Vai viajar o mundo, conhecer outras línguas, tipo literalmente. -riu.
- Me avise quando acabar com o clichêzinho ridículo.
- Ah, e tem mais...-a interrompi.
- Sério?
- Sim! Não quero você fumando enquanto estivermos aqui.
- Mina, cê ta louca. Quer que eu morra de abstinência?
- Melhor morrer de abstinência do que de câncer. -sorriu irônica- Aposto que...-fez uma expressão pensativa- Como é mesmo o nome dele?
- Quem?
- O cara que você transou.
- Nossa, estampa num outdoor! -ironizei.
- Fala logo.
- Neymar.
- Aposto que o Neymar também não gosta de ver você fumando.
- Fodam-se você e ele.
- Eu não. Quem fode com ele é você! -gargalhou enquanto eu lhe mostrava o dedo do meio.


Neymar POV


Sete da manhã, cheguei ao escritório acompanhado do meu café do Starbucks, e bati meu cartão de ponto. Fui cumprimentando algumas pessoas enquanto seguia rumo a minha sala. Jenny, a secretária, não estava na sua mesa em frente a minha porta, mas seu computador estava ligado e suas coisas mexidas, ela só deveria estar resolvendo algo pelo prédio.
Girei tranquilamente a maçaneta da minha porta, mas me surpreendi ao entrar. O coronel John Marshall estava ali, sentado na minha cadeira, com os braços cruzados, a postura ereta como sempre, e um olhar sério.
- Bom dia, senhor. -cumprimentei-o sem ainda entender o motivo dele estar ali. Quando Marshall queria falar com alguém ele sempre convocava a pessoa até sua sala, teria que haver um motivo muito importante para ele ter se deslocado, e logo no início do expediente.
- Sente-se, agente. -foi mais uma ordem do que um pedido. Me sentei na cadeira de frente para ele, do lado oposto da mesa- Como vai o caso no qual está envolvido?
- Bem, eu entreguei um relatório para a inteligência no início da semana, e deixei uma cópia com a sua secretária. O senhor não recebeu?
- Recebi, na verdade todos nós recebemos aquelas informações inúteis que todo departamento de arquivo já possuía! -seu sarcasmo era irritante, mas eu não poderia me exaltar.
- Acho que não entendi, coronel.
- Você nos forneceu detalhes sobre os perfis dos criminosos. Coisas banais que nós mesmos demos a você no começo...
- Era minha visão após os primeiros contatos.
- Não me interrompa! -Marshall era arrogante- O ponto é que se você quer mesmo continuar nesse caso, agente Santos, terá que melhorar e melhorar muito. Quero menos especulação e mais resultado, você sabe que não estamos aqui para brincadeira. Honre seu distintivo, honre nossa rainha e nossa nação, honre sua profissão! Ou comece a se acostumar com a ideia de viver longe do Serviço Secreto! -foi o que ele disse autoritariamente antes de sair quase que marchando.
E ali estava tudo decidido. Eu não poderia e não iria jogar fora anos de trabalho, riscos, esforço e dedicação por causa de uma mulher, uma mulher criminosa. Onde eu estava com a cabeça quando me deixei levar? Se eu não voltasse a agir como o profissional de sempre estaria tudo perdido, e eu não permitiria isso.
Se Jade queria se apaixonar por mim, o problema seria unicamente dela. Faria qualquer coisa pelo caso, até fingiria reciprocidade no sentimento, eu só não poderia estragar tudo.


Hellooo! Meninas, queria agradecer a uma leitora que nos alertou que não estava dando certo comentar em anonimo, muito obrigada meu amor, seu aviso nos ajudou muito. Agora quem não tem conta pode comentar, não tem mais desculpa, heim. Kkkk. Só avisando, capítulos todos os domingos, ficamos certas, assim, ok? Muito obrigada pelos comentários do cap passado. 

 Comentem, tá? Beijo da Sá.

14 comentários:

  1. Não tenho nem palavras. Não consigo pensar no que pode acontecer com ele ou com a Jade, ou até mesmo com os dois, meu deus! Estou mais perdida do que bala em tiroteio.

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  2. Quando é que a Jade descobre que ele é um policial, eles brigam e transam no final? Socorro eu sou muito ansiosa!!!!! Sei nem o que falar. Vem domingo!

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  3. Esta perfeitoooooooo quero só ver quando a jade descobrir que ele é policial

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  4. sera q ele larga a profissão e a Jade deixa de roubar e vão ser felizes em outro país transando a porra toda?!

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  5. Não vejo a hora da jade descobrir que ele é um policial
    continua

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  6. Apaixonada por esse blog

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  7. Amei seu blog super diferente leitora nova

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